Resumo: | Introdução: A Medicina Dentária é uma atividade de elevada destreza e concentração num campo operatório reduzido e de difícil acesso, o que propicia desalinhamentos posturais. Os fatores físicos, ergonómicos, psicossociais e organizacionais do trabalho contribuem para o risco de desenvolvimento de lesões músculo-esqueléticas (LME) e nervosas, sobretudo nas regiões dorsal e cervical. O principal objetivo desta investigação é analisar e comparar a postura de trabalho de Estudantes de Medicina Dentária e de Médicos Dentistas. Materiais e Métodos: Realizou-se um estudo transversal observacional numa amostra de 10 Médicos Dentistas e 10 Estudantes do 5º ano do Mestrado Integrado em Medicina Dentária do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica Portuguesa (Viseu). Cada participante realizou, em fantoma, o tratamento de uma cavidade classe I no dente 26. Todo o procedimento foi filmado e fotografado para posterior análise e obtenção do risco de LME pelo método RULA (Rapid Upper Limb Assessment). Resultados: Todos os participantes realizam flexão anterior >20º, flexão lateral direita e rotação da cabeça para a esquerda. A maioria efetua flexão anterior do tronco entre 20º a 60º com flexão lateral direita e rotação para a esquerda. Todos os participantes trabalham com os braços em abdução. Os Estudantes trabalham, tendencialmente, com os antebraços mais elevados (>100º) enquanto que os Médicos Dentistas adotam flexão do cotovelo <60º. O braço direito apresenta piores resultados que o braço esquerdo. A maioria faz elevação do ombro direito e dorsiflexão palmar (>15º) e desvio lateral. Conclusões: Tanto os Médicos Dentistas como os Estudantes apresentam posturas de trabalho com elevado risco de desenvolvimento de LME, sobretudo para a região da cabeça, tronco, ombros e pulsos. Estes resultados validam a necessidade de se respeitarem os princípios ergonómicos permitindo condições de trabalho seguras e otimizar a performance dos profissionais.
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