Summary: | Qualquer ser humano em algum momento da sua vida poderá experienciar tédio. Contudo, o estudo sistemático do tédio foi durante algum tempo limitado não apenas pela ausência de uma definição consensual do construto, mas também pela ausência de instrumentos de medida adequados (Watt & Vodanovich, 1999). Em Portugal esta temática tem sido pouco abordada, e não existem instrumentos de medida devidamente validados. O presente trabalho visa a validação da Escala de Propensão para o Tédio (Boredom Proneness Scale (BPS); Farmer & Sundberg, 1986) junto de uma amostra de adolescentes portugueses. Para tal a BPS foi traduzida e adaptada ao contexto nacional, e aplicada a uma amostra de 215 participantes a par de um conjunto de outras escalas que medem construtos relacionados. A estrutura fatorial obtida foi semelhante à encontrada em estudos anteriores. No entanto é importante salientar que a variância explicada (32.26%) é bastante inexpressiva. A análise das qualidades psicométricas da escala revelou bons indicadores de fidelidade, sugerindo boa consistência interna e temporal do instrumento. As correlações observadas entre a BPS e uma medida de tédio independente sugerem validade convergente. As correlações entre a BPS, e outros instrumentos que medem construtos relacionados, designadamente solidão, procura de sensações e depressão, revelaram-se significativas mas modestas sugerindo a presença de construtos distintos. Como tal, o padrão de correlações foi tomado como indicador de validade discriminante. Finalmente a escala mostrou-se sensível a algumas variáveis que a literatura refere como relevantes neste contexto, designadamente o género e o desempenho académico dos inquiridos.
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