Summary: | O presente trabalho teve como objetivo estudar, de um ponto de vista qualitativo, o fenómeno do One-Night Stand, explorando a vivência e os significados que esta prática subjaz na vida relacional dos (as) estudantes universitários (as) e, ainda, compreendendo a relação entre esta e o Ensino Superior. A amostra contou com a participação voluntária de 11 estudantes do sexo masculino (subgrupo masculino) e 11 estudantes do sexo feminino (subgrupo feminino) de 1ºCiclo da Universidade de Évora. Selecionámos como instrumento principal a entrevista semiestruturada e analisámos os dados através da análise de conteúdo com o seguinte procedimento: (1) leitura flutuante e análise temática do corpus, (2) agrupamento diferencial dos dados em termos de conteúdo e (3) repetição do processo de codificação para averiguar a estabilidade temporal dos resultados. Com base nos resultados, o double standard associado à vivência desta experiência parece verificar-se, dado que a experiência para os participantes do sexo masculino parece ser mais consciente do que a experiência das participantes femininas, para quem o consumo de álcool ressaltou como pré-requisito à incursão. As funções que esta prática subjaz para os (as) participantes da amostra apareceram muito centradas no self, desvalorizando e instrumentalizando o (a) parceiro (a), parecendo a experiência não contribuir para a descoberta do Outro ou de um Eu relacional. Embora no subgrupo masculino tenham emergido sentimentos de bem-estar após a incursão num ONS, o sexo foi desvalorizado por ambos os subgrupos. O Ensino Superior e, particularmente, as caraterísticas deste contexto (como a falta de controlo parental e a pluralidade de interações sociais) parecem ter um papel preponderante na disseminação deste comportamento. Parece-nos que, embora insuficientes, os nossos resultados alertam para a vulnerabilidade física e psicológica dos (as) nossos (as) estudantes e sensibilizam para a necessidade de implementação de políticas preventivas que eduquem os afetos e a sexualidade, promovendo relações (intra e interpessoais) positivas e, assim, promovendo a saúde.
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