Resumo: | Neste texto equaciona-se directamente a questão da legitimação política no Egipto através da simbologia das fórmulas presentes no protocolo real. Como se sabe, essa legitimação assumiu, ao longo dos vários períodos da história egípcia, várias formas e explorou várias possibilidades para melhor atingir as suas finalidades. Além da legitimação divina (função divina apoiada pelos deuses e exercida por um homem sacralizado), da legitimação dinástica (sucessão hereditária e/ ou dinástica), da legitimidade militar (direito de conquista e consequente direito de dominação política) e da legitimação funcional (capacidade de desempenhar eficazmente as tarefas adstritas à função: combater e vencer os representantes do caos inimigos ou animais selvagens e preservar a paz; cumprir os ancestrais ritos litúrgicos; proteger eficazmente o país e o povo, com generosidade, justiça e equidade; manter e garantir a maet, nas suas vertentes política, social, ética e cósmica), o faraó foi dotado de uma legitimação simbólica de impacto não menosprezável. As fórmulas protocolares usadas pela realeza egípcia integram-se nesta última categoria e agiram, em nossa opinião, como pretendemos demonstrar neste artigo, como formas e possibilidades experimentadas e assumidas pelo discurso de legitimação no Egipto antigo.
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