Summary: | Enquanto diversos estudos realizados nas populações de abelha melífera das Canárias e Madeira mostram que estas descendem predominantemente de linhagens maternas africanas a composição genética das abelhas do Arquipélago dos Açores era até recentemente desconhecida. Neste trabalho foi analisada a variabilidade genética do ADN mitocondrial das populações de abelha melífera dos Açores. Para tal foram amostradas em 2014 e 2105 perto de 500 colónias em todas as ilhas, excepto Corvo. Cada abelha foi analisada usando o teste DraI o qual consiste na digestão com a enzima de restrição DraI dos produtos PCR da região intergénica tRNAleu-cox2 do DNA mitocondrial. Foram encontrados 12 haplótipos com uma distribuição heterogénea entre as ilhas, sendo o haplótipo mais frequente o A14 da sub-linhagem Africana AIII, seguido por haplótipo C1 ou C2 da linhagem da Europa oriental (linhagem C). A ilha onde se registou um maior número de haplótipos foi a ilha de São Miguel (8) contrastando comas ilhas Terceira, São Jorge e Pico onde apenas foram identificados dois haplótipos. A coexistência das linhagens Africana (A) e da Europeia oriental (C) sugere que a colonização do arquipélago dos Açores ocorreu em dois períodos distintos, sendo a introdução da linhagem C mais recente e associada a uma intensificação da Apicultura. A elevada frequência de haplótipos pertencentes à sub-linhagem Africana AIII, também frequente no norte de Portugal continental, sugere uma colonização a partir desta região da Península Ibérica.
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