Resumo: | Apesar do Egipto antigo ter em tempos sido descrito como «a civilização sem cidades», sobretudo com base em argumentos filológicos, a arqueologia tornou evidente que houve assentamentos humanos que atingiram o estatuto de cidades e que não estamos de todo perante uma sociedade sub-urbanizada. Antes pelo contrário, o antigo Egipto foi uma sociedade urbanizada desde o início do Império Antigo ou talvez mesmo desde o Período Dinástico Inicial. Nesta intervenção, trataremos o conceito e a evolução da noção de «cidade» ao longo da história egípcia e procuraremos sintetizar a principal tipologia operatória com que hoje se trabalha no seio da Egiptologia científica. Paralelamente caracterizaremos as três grandes cidades planificadas de Kahun (Império Médio), Amarna e Deir el-Medina (ambas do Império Novo). Indissociável do movimento urbanístico egípcio, a problemática da construção merece igualmente a nossa atenção, designadamente com uma referência aos principais materiais utilizados e às principais fontes hoje disponíveis para o estudo e reconstituição das habitações do antigo Egipto. Por fim, passamos em revista, com figurações artísticas egípcias, um conjunto de actividades e ofícios que poderíamos caracterizar como «urbanos» ou que ganham maior expressão quando associados à vida numa cidade.
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