Abordagem de doentes com suspeita de hipersensibilidade a anticorpos monoclonais: Experiência de um serviço

RESUMO Fundamentos: A crescente utilização de anticorpos monoclonais (mAb) está associada a um aumento de reações de hipersensibilidade (RH). A abordagem de doentes com RH a estes fármacos recentes ainda não está perfeitamente estabelecida. Objetivo: Caracterizar o estudo alergológico de doentes com...

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Bibliographic Details
Main Author: Lopes,Joana B (author)
Other Authors: Malheiro,Daniela (author), Sousa,Maria J (author), Gomes,Joana (author), Brosseron,Lise (author), Barreira,Patrícia (author), Lopes,Inês (author), Cadinha,Susana (author)
Format: article
Language:por
Published: 2022
Subjects:
Online Access:http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-97212022000200101
Country:Portugal
Oai:oai:scielo:S0871-97212022000200101
Description
Summary:RESUMO Fundamentos: A crescente utilização de anticorpos monoclonais (mAb) está associada a um aumento de reações de hipersensibilidade (RH). A abordagem de doentes com RH a estes fármacos recentes ainda não está perfeitamente estabelecida. Objetivo: Caracterizar o estudo alergológico de doentes com suspeita de RH a esta classe de fármacos. Métodos: Análise retrospetiva de doentes referenciados à consulta de alergia a fármacos com suspeita de RH a mAb (2013-2019). Diagnóstico confirmado por história clínica sugestiva e testes cutâneos/prova de provocação positivos ou reação reprodutível durante dessensibilização, diagnóstico considerado provável se apenas história sugestiva ou excluído se prova de provocação negativa. Resultados: Incluídos 18 doentes, 56% sexo feminino, mediana de idades de 62 anos (23;74). Os fármacos suspeitos foram rituximab, cetuximab, nivolumab, trastuzumab e trastuzumab-emtansina, utilizados no tratamento de neoplasias, púrpura trombocitopénica imune, lúpus eritematoso sistémico e fibrose pulmonar idiopática. Todas as RH foram imediatas. Os sintomas incluíram anafilaxia, febre, manifestações cutâneas, taquicardia e hipertensão arterial. As RH ocorreram na primeira administração em 61% dos doentes. Os testes cutâneos foram positivos em 1 doente (1/8) e as provas de provocação foram negativas (12/12). Pela gravidade e condição clínica subjacente foi realizada dessensibilização em 12 doentes, sendo que 3 tiveram uma reação reprodutível durante o procedimento. Foi confirmado diagnóstico em 17% (n=3), considerado provável em 17% (n=3) e excluído em 67% (n=12). Conclusões: Apesar de o mecanismo subjacente à RH ser relevante, a gravidade da reação é o grande determinante na definição do estudo alergológico. Na presença de testes cutâneos negativos e/ou reações ligeiras, recomenda-se a realização de provas de provocação, o que permitiu excluir diagnóstico em 67% dos nossos doentes, apresentando-se como de extrema importância no esclarecimento diagnóstico. Na presença de testes cutâneos positivos e/ou reações moderadas/graves a utilização da dessensibilização como primeira abordagem está recomendada.