Psychophysiology of eyewitness testimony

As testemunhas oculares são muitas vezes o único meio que temos para aceder à autoria de um crime. Contudo, apesar dos 100 anos de evidência de erros no testemunho ocular, a consciência das suas limitações como meio de prova só ganhou força no advento do ADN. De facto os estudos de exoneração mostra...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ferreira, Pedro João Bem-Haja Gabriel (author)
Format: doctoralThesis
Language:eng
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10773/22797
Country:Portugal
Oai:oai:ria.ua.pt:10773/22797
Description
Summary:As testemunhas oculares são muitas vezes o único meio que temos para aceder à autoria de um crime. Contudo, apesar dos 100 anos de evidência de erros no testemunho ocular, a consciência das suas limitações como meio de prova só ganhou força no advento do ADN. De facto os estudos de exoneração mostraram que 70 % das ilibações estavam associadas a erros de testemunho ocular. Estes erros têm um impacto social elevado principalmente os falsos positivos, por colocar inocentes na prisão. De acordo com a literatura, deverão ser utilizadas novas abordagens para tentar reduzir o numero de erros de identificação. Destas abordagens, destacam-se a análise dos padrões de movimentos oculares e os potenciais evocados. Nos nossos estudos utilizamos essas novas abordagens com o objetivo de examinar os padrões de acerto ou de identificação do criminoso, usando um paradigma de deteção de sinal. No que diz respeito aos movimentos oculares, não foram encontrados padrões robustos de acerto. No entanto, obtiveram-se evidências oculométricas de que a fusão de dois procedimentos (Alinhamento Simultâneo depois de um Alinhamento Sequencial com Regra de Paragem) aumenta a probabilidade de acerto. Em relação aos potenciais evocados, a P100 registou maior amplitude quando identificamos um inocente. Este efeito é concomitante com uma hiperactivação no córtex prefrontal ventromedial (CPFVM) identificada na análise de estimação de fontes. Esta hiperativação poderá estar relacionada com uma exacerbação emocional da informação proveniente da amígdala. A literatura relaciona a hiperativação no CPFVM com as falsas memorias, e estes resultados sugerem que a P100 poderá ser um promissor indicador de falsos positivos. Os resultados da N170 não nos permitem associar este componente ao acerto na identificação. Relativamente à P300, os resultados mostram uma maior amplitude deste componente quando identificamos corretamente um alvo, mas não diferiu significativamente de quando identificamos um inocente. Porém, a estimação de fontes mostrou que nessa janela temporal (300-600 ms) se verifica uma hipoativação dos Campos Oculares Frontais (COF) quando um distrator é identificado. Baixas ativações dos COF estão relacionadas com redução da eficiência de processamento e com a incapacidade para detetar alvos. Nas medidas periféricas, a eletromiografia facial mostrou que a maior ativação do corrugador e a menor ativação do zigomático são um bom indicador de quando estamos perante um criminoso. No que diz respeito ao ritmo cardíaco, a desaceleração esperada para os alvos devido à sua saliência emocional apenas foi obtida quando a visualização de um alvo foi acompanhada por um erro na identificação (i.e., um falso negativo). Neste trabalho de investigação parece que o sistema nervoso periférico está a responder corretamente, identificando o alvo, por ser emocionalmente mais saliente, enquanto que a modulação executiva efectuada pelo CPFVM conduz ao falso positivo. Os resultados obtidos são promissores e relevantes, principalmente quando o resultado de um erro poderá ser uma condenação indevida e, consequentemente, uma vida injustamente destruída.