Os professores e a Educação Sexual no Ensino Básico: necessidades de formação e sua importância na evolução conceptual

Com as novas metas curriculares para as Ciências Naturais a temática da sexualidade voltou à discussão pública, em virtude da omissão dos tópicos relativos a métodos contracetivos e infeções sexualmente transmissíveis. Mais recentemente, também o novo Referencial de Educação para a Saúde na Escola d...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Anastácio, Zélia (author)
Format: bookPart
Language:por
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1822/58631
Country:Portugal
Oai:oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/58631
Description
Summary:Com as novas metas curriculares para as Ciências Naturais a temática da sexualidade voltou à discussão pública, em virtude da omissão dos tópicos relativos a métodos contracetivos e infeções sexualmente transmissíveis. Mais recentemente, também o novo Referencial de Educação para a Saúde na Escola despoletou agitação social em consequência da inclusão do tópico da interrupção (in)voluntária da gravidez no 2.º Ciclo do Ensino Básico (CEB). A área curricular de Ciências Naturais tem sido o contexto pedagógico mais propenso às abordagens de educação sexual, na ausência de projetos estruturados e dada a representação social de que os professores desta disciplina são os mais aptos devido à apropriação de conhecimentos científicos relacionados com a sexualidade humana. Todavia, com a formação específica adequada e extensiva a professores de todas as áreas curriculares, sobretudo aos que têm vindo a desempenhar a função de diretores de turma, como foi proposto pela última legislação, tem-se constatado ser possível proceder a evoluções conceptuais neste domínio. Neste trabalho analisa-se a evolução na formação de professores em educação para a saúde e para a sexualidade, averiguam-se os obstáculos pedagógicos à abordagem do tema e fatores que os influenciam, bem como formas de os ultrapassar. Comparando dois estudos prévios, realizou-se uma meta análise, conciliando técnicas de metodologia quantitativa com técnicas de metodologia qualitativa, considerando-se assim uma metodologia mista, incluindo a triangulação dos dados obtidos por meio de questionários e através de grupos focais junto de professores do ensino básico, em dois momentos distintos. No primeiro estudo o questionário foi preenchido por uma amostra de 486 professores de 1.º CEB e fizeram-se quatro grupos focais (totalizando 19 professores) para aprofundar o nosso conhecimento sobre as concepções dos professores. No segundo estudo, 135 docentes dos três ciclos do ensino básico preencheram um questionário e 7 participaram num grupo focal antes da formação e intervenção e noutro após as mesmas. Através dos questionários identificaram-se conceções dos professores relacionadas com a educação para a sexualidade na escola, determinou-se a percentagem de professores com formação contínua específica para a educação sexual e para a educação para a saúde, verificando-se ser uma minoria. Identificaram-se os tópicos em que os professores tinham mais dificuldades, assim como as suas necessidades de formação. Relativamente a fatores influentes verificou-se que os professores que já tinham feito formação específica, bem como os que estavam em fase inicial de carreira, foram os que se revelaram mais aptos a lidar com o tema. Com a realização dos grupos focais obteve-se um melhor conhecimento dos obstáculos que os professores enfrentam, dos argumentos que apresentam para a concretização ou não da educação sexual na escola e ainda dos efeitos da formação na mudança das suas conceções e superação de obstáculos e dificuldades. Os resultados permitem concluir que, embora poucos professores tenham formação específica em educação sexual, esta tem um efeito positivo conducente a uma evolução conceptual nesta matéria. Desta forma, deduz-se que só intensificando a formação de professores a implementação da educação para a sexualidade na escola poderá ter sucesso.