Summary: | Eduardo Scarlatti (1898-1990), crítico e teórico do teatro português, contribuiu de forma marcante para a actualização da prática dramática entre 1925 e 1945. Este trabalho analisa a sua produção teórica e crítica, relacionando-os com a época da ascensão e consolidação do Estado Novo. Englobando as várias obras do autor, esta análise centra-se sobretudo em A Religião do Teatro, onde debateu a teoria de Friedrich Nietzsche em A Origem da Tragédia, como proposta de regeneração do teatro, e no conjunto das suas críticas de espectáculos publicadas no jornal O Diabo. Embora os seus escritos sejam frequentemente citados por investigadores que estudam a época, a obra de Scarlatti, em si, permanecia até hoje sem investigação. Devido a uma exiguidade da documentação biográfica, este estudo procura identificar e descrever as ideias principais do autor, no que concerne ao diagnóstico que faz ao teatro do seu tempo, assim como as soluções que propõe com vista a uma reforma. Procura ainda traçar uma relação entre estas ideias e o ambiente de repressão ao livre-pensar que então se viveu. Pretende-se também demonstrar que o autor viu como maiores problemas do teatro a intromissão do científico e a influência do ultra-romantismo, foi contra a proposta do fim da palavra e do autor, e procurou a harmonia entre um teatro de ideias e um teatro trágico. Nessa forma de drama e na figura do génio artístico depositou a esperança de uma regeneração social.
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