Summary: | Na segunda metade do século XIX, Espinho e Furadouro, localidades situadas na costa ocidental portuguesa, foram atingidas pela erosão costeira. Este fenómeno prolonga-se até hoje. As causas são conhecidas: diminuição do aporte de sedimentos ao litoral; construção de estruturas fixas a barlamar e ocupação crescente das zonas costeiras. Existem estudos sobre as causas da erosão e as taxas de recuo da linha de costa. Mas não há trabalhos sobre os seus impactes nas comunidades. Utilizando como ferramentas de interpretação os conceitos de emergência, recuperação e reconstrução, os objetivos são analisar as perceções das populações em relação ao avanço do mar, o seu impacte social e económico nas comunidades afetadas e as estratégias adotadas para gestão do desastre e manutenção dos núcleos urbanos. Pretende-se também determinar se houve aprendizagem e adaptação a partir das experiências adquiridas ao longo de mais de um século. As histórias de Espinho e Furadouro têm paralelismos evidentes: foram povoações piscatórias, depois estações balneares, o que teve repercussões no afluxo de populações, no crescimento urbano e nas atividades económicas. O avanço do mar destruiu propriedades e bens, gerou movimentos de solidariedade e obrigou as autoridades a procurar soluções. Há, contudo, diferenças evidentes entre os dois casos. Espinho, vila balnear das elites, com um desenvolvimento económico significativo, mereceu a atenção da imprensa nacional e das autoridades. Ali se ensaiaram as primeiras tentativas de proteção contra a erosão costeira.
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