Alguns preços de cereais em Portugal : séculos XIII-XVI

O primeiro autor português a integrar preços de cereais num trabalho de natureza historiográfica foi Fernão Lopes, na Crónica de D. Fernando, que os utilizou para caracterizar a situação económica do reino imediatamente posterior ao tratado de Alcoutim, celebrado entre o nosso rei e o monarca castel...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Viana, Mário (author)
Format: article
Language:por
Published: 2010
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.3/629
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.uac.pt:10400.3/629
Description
Summary:O primeiro autor português a integrar preços de cereais num trabalho de natureza historiográfica foi Fernão Lopes, na Crónica de D. Fernando, que os utilizou para caracterizar a situação económica do reino imediatamente posterior ao tratado de Alcoutim, celebrado entre o nosso rei e o monarca castelhano Henrique II a 31 de Março de 1371, e às cortes de Lisboa realizadas em Julho e Agosto do mesmo ano. Mais tarde, Gaspar Frutuoso, nas Saudades da terra, com dados colhidos em cartórios tabeliónicos e no seu conhecimento pessoal, formou uma muito fiável série para o período entre 1513 e 1589, basicamente relativa à ilha de São Miguel, nos Açores. Esta série foi utilizada por Ernesto do Canto no Arquivo dos Açores, em 1878, e por A. H. de Oliveira Marques na Revista de Economia, num artigo de 1962. Outro bom conjunto de preços, apenas para o ano de 1515, mas abarcando vários géneros alimentares, incluindo trigo, cevada, milho e centeio, repartidos por comarcas e almoxarifados, foi aproveitado por frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo, no seu conhecido Elucidário, em 1799. Integrando os preços de Viterbo e outros, A. de Sousa Silva Costa Lobo publicou também uma lista de preços dos principais géneros alimentícios, para o século XV e parte do XVI, na sua História da sociedade em Portugal no século XV, de 1903. Voltando de novo ao citado ano de 1962, surge, também pela mão de Oliveira Marques, o texto da Introdução à história da agricultura em Portugal, subintitulado A questão cerealífera durante a Idade Média, dotado de uma ampla lista de registos (mais de 100, contando com os de um livro quatrocentista do mosteiro de Alcobaça) de preços de trigo, com relevo especial para o século XV. Seguem-se-lhe o artigo sobre preços no Dicionário de história de Portugal, que na parte devida a Vitorino Magalhães Godinho apresenta uma série de preços de trigo do celeiro comum de Évora entra 1578 e 1714, e a excelente monografia de António de Oliveira sobre A vida económica e social de Coimbra de 1537 a 1640, riquíssima nos mais variados dados, incluindo preços. Acrescente-se a série de preços de bens (contando com alguns de trigo, cevada e milho) e serviços em vigor na região do Porto na segunda metade do século XV, obtida por Iria Gonçalves a partir de vários cadernos de contas municipais. Por fim, mais recentemente, temos a lista fornecida por António dos Santos Pereira, para centeio, cevada e trigo, abrangendo o período de 1487 a 1531 com 46 registos, infelizmente sem indicação das respectivas proveniências.