Summary: | As doenças do intestino, quer de natureza inflamatória quer neoplásica, são muito comuns no cão e no gato, podendo apresentar sinais clínicos semelhantes entre elas. O exame histopatológico das lesões intestinais é essencial para a obtenção do diagnóstico definitivo da doença e classificação da sua gravidade. Este estudo teve como objetivo a determinação da frequência das doenças do intestino delgado e do intestino grosso, no cão e no gato, diagnosticadas por histopatologia. Foi realizado um estudo retrospetivo com base na informação de relatórios de histopatologia do laboratório DNAtech de amostras de intestino analisadas entre janeiro de 2012 e junho de 2015. A informação obtida compreendeu com a espécie, o órgão, a localização do segmento de intestino, a natureza da lesão, o diagnóstico histopatológico e o método de recolha das amostras. De um total de 279 amostras de histopatologia de lesões intestinais, foram identificadas 189 de natureza inflamatória, 80 neoplásicas, 8 idiopáticas e 2 de natureza não específica (úlcera duodenal e petéquias), onde se verificou uma relação significativa entre a espécie com a natureza da lesão (p=0,003), como também entre o órgão e a natureza da lesão (p=0,000). As doenças intestinais foram mais frequentes no cão (169; 60,6%) e com localização no intestino delgado (188; 67,4% do total), dos quais 111 no cão e 77 no gato. As doenças de natureza inflamatória foram mais frequentes no cão (123; 65,1%) do que no gato (66; 34,9%). O diagnóstico histopatológico de natureza inflamatória mais observado foi a enterite linfoplasmocitária (103; 54,5%). Verificou-se a presença de uma relação significativa da variável de diagnóstico histopatológico de natureza inflamatória com a espécie (p=0,001) e com o órgão (p=0,000). A doença de natureza neoplásica mais observada foi o linfoma intestinal (43; 53,75%), tendo sido 29 no gato e 14 no cão, tendo essa relação sido significativa (p=0,001). O método de recolha das amostras mais utilizado foi a endoscopia (145; 52%), seguindo-se a enterectomia por laparotomia (68; 24,4%), a biópsia de fragmentos de parede total do intestino por laparotomia (53; 19%), a colectomia por laparotomia (11; 3,9%) e, por último, a necrópsia (2; 0,7%). O método de recolha das amostras apresentou uma relação significativa com a espécie (p=0,009), com o órgão (p=0,000) e com a natureza da lesão (p=0,000). Este estudo permitiu contribuir para o conhecimento mais aprofundado das doenças do intestino dos carnívoros domésticos em Portugal.
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