Resumo: | O propósito desta investigação nasce da contradição implícita na infraestrutura ferroviária, enquanto barreira, que cria descontinuidade, e canal de circulação, do qual a cidade de Lisboa depende. Deste modo, o ensaio é organizado em três partes, duas dedicadas à vertente de investigação e reflexão sobre a dicotomia entre os obstáculos físicos que condicionam a expansão do território e as ligações urbanas, em especial, os modos suaves. A última parte apresenta uma resposta prática ao problema lançado, procurando resolver o limite contemporâneo da linha de cintura e transformá-lo numa oportunidade de ligação. O projeto lança uma hipótese de mobilidade para o planalto de Lisboa, promovendo o funcionamento do canal ferroviário e a ligação a outros transportes públicos, em simultâneo, com o desenho de novos acessos pedonais e a introdução de meios mecânicos de deslocação, para vencer distâncias e combater as interrupções geradas pela linha de cintura. Tirando proveito da dimensão longitudinal do caminho de ferro, são introduzidos novas possibilidades de atravessamento, plataformas de espaço público e núcleos culturais que, dando resposta à necessidade de unificar o lugar morfológica e programaticamente, criam um percurso assistido de mobilidade suave. Arquitetura, arqueologia e engenharia cruzam-se na conversão do lugar de Entrecampos num verdadeiro centro urbano que, debruçado sobre o seu passado, encara a imagem da cidade do futuro mais verde e sustentável, materializada num passeio cultural.
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