Summary: | RESUMO - As consequências individuais e sociais do consumo de álcool e o seu efeito na capacidade de trabalho são amplamente conhecidos. Em contexto militar, o consumo de álcool pode ser simultaneamente um fator desencadeador de lesões e patologia consequência da exposição da atividade operacional em combate, sendo descrito uma maior prevalência destes distúrbios em militares em relação à da restante população. O objetivo deste estudo é avaliar a prevalência de distúrbios de consumo do álcool em militares das Forças Armadas Portugueses integrados em Forças Nacionais Destacadas e descrever a sua relação com exposições em combate. Foi realizado um estudo transversal, observacional, analítico de prevalência através da aplicação de inquérito com aplicação da escala Alcohol Use Disorder Identification Test e a escala Combat Exposure Scale adaptada. Foram inquiridos 398 militares regressados de missão na sua maioria homens (92,7%), com idade média de 34 anos, em relacionamento estável (60,6%), com representação dos três ramos das Forças Armadas e classes militares. A prevalência de distúrbio de consumo (AUDIT>8) foi de 8,3%, e a taxa de consumo excessivo esporádico de 3,6%. O tabagismo, as situações de ameaça da sua vida e o apoio a feridos estavam associados a risco acrescido de perturbações (OR 2,41; OR 4,04 e OR 5,67 respetivamente) e a permanência em áreas de terreno minado demonstrou ter um efeito protetor (OR 0,17). Os militares portugueses em Forças Nacionais Destacadas apresentaram uma prevalência de distúrbios do consumo de álcool semelhante à descrita em alguns estudos da população portuguesa e inferior à dos militares de outras nações regressados de missão. Esta prevalência poderá ser reduzida através de intervenções na esfera sociodemográfica e ambiental em meio militar.
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