Resumo: | A globalização da economia e a crescente internacionalização das empresas produziram um mercado global, que conduziu naturalmente à necessidade de criar normas contabilísticas internacionais, que permitissem uma maior comparabilidade da informação financeira. A partir de 1 de janeiro de 2010 as IAS/IFRS passaram a ser obrigatórias para as empresas portuguesas, adotadas através do SNC (Sistema de Normalização Contabilística). Vários estudos reportam realidades diferentesquanto ao impacto da adoção das IFRS na qualidade da informação financeira das empresas, algumas contraditórias entre si. Enquanto alguns autores (Horton, Serafeim e Serafiem, 2013; Barth, 2008; Chen & Lin2010, Langmead e Soroosh, 2009 e Preiato, 2012 Barth, Landsman e Lang,2010, Nobes, 2006), encontram melhorias subsequentes à adoçãodeste novo normativo, outros (Ahmed, Neel e Wang, 2012; Beuselinck e Van der Meulen, 2007;Paananen, 2008), referem que as medidas utilizadas para aferir a qualidade dos dados detetam uma degradação da mesma. Em 2012, Ahmed, Neel e Wang, num estudo englobando uma amostra de 48.308 empresasde 20 países que adotaram IFRS em 2005 em comparação com empresas de 15 países que não adotaram as IFRS, relacionam a possível melhoria ou degradação dos indicadores com o sistema nacional de contabilidade prévio à adoção das IFRS, dando assim mais indicações sobre outras variáveis que podem influenciar a qualidade da informação financeira, e que devem ser tidas em conta quando realizamos estudos na área. O nosso estudo debruça-se sobre um setor-chave para a economia portuguesa, e também com impacto na União Europeia: o turismo. Com base nos indicadoresapontados por Ahmed et.al(2012), pretendemos verificar o impacto da adoção obrigatória das IFRS na qualidade financeira das empresas portuguesas, considerando a capacidade de execução definida por Kaufmann, D., A. Kraay, and M. Mastruzzi (2007). A nossa amostra é constituída por 2.179 empresasconstantes da base de dados da COFACE. A referida base de dados disponibilizou informação contabilística entre os anos 2007 e 2011 para as empresas portuguesas do sector do turismo. Realizamos um estudo empirico e recorremos ao modelo de regressões multilineares, que nos permitiu confirmar a a hipótese de partida que pressupunha que a introdução das Normas Contabilísticas e de RelatoFinanceiro (NCRF) altera os resultados da informação financeira. As tendências no nosso estudo apontam para uma evolução no sentido da melhoria.
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