Resumo: | A presente dissertação teve como objetivo avaliar a relação entre adversidade na infância, suporte social e Perturbação Stress Pós-Traumático (PTSD) em jovens com história de adversidade e trauma. A novidade do estudo prendeu-se com o facto de ser um estudo longitudinal com adolescentes expostos à adversidade e trauma, bem como a utilização de um instrumento de avaliação de sintomatologia de PTSD com base no atual DSM-V e uma escala de avaliação de experiências traumáticas (LEC-5) para avaliação do critério (A) de PTSD. Método: O estudo incluiu 151 jovens com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos (M = 15,99; DP = 1,25), dos quais 68 (45%) eram do sexo masculino e 83 (55%) do sexo feminino, avaliados em dois momentos temporais distintos, com um período de intervalo, em média, de 6 meses. Resultados: Os principais resultados obtidos revelaram que níveis mais elevados de adversidade na infância foram preditores de níveis mais elevados de sintomatologia de PTSD. No entanto, o suporte social não foi preditor de sintomatologia de PTSD, num modelo em que foram ajustadas variáveis sociodemográficas e adversidade na infância. O efeito moderador do suporte social também não se verificou. Conclusões: este estudo sugere que as intervenções, que tenham como objetivo diminuir o impacto do trauma em jovens (sintomas de PTSD), devem incluir a avaliação de adversidade, uma vez que esta parece ter uma relação direta com PTSD. Ou seja, não parece fazer sentido desenvolver programas de intervenção apenas focados no aumento do suporte social em jovens expostos ao trauma, sem considerar a avaliação da sua história de adversidade. Parece ser fundamental avaliar e intervir na mudança de potenciais esquemas cognitivos desadaptativos que se desenvolvem em consequência da exposição à adversidade, e que o trauma posterior só os vem confirmar, impedindo que o suporte social tenha um efeito protetor conforme seria esperado.
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