You don’t have the balls : o papel da mulher jornalista na cobertura mediática desportiva

É imperativo compreendermos o papel da mulher no Jornalismo desportivo uma vez que o tema não tem sido objeto de estudo em Portugal. Temos presenciado um aumento da presença das mulheres nas diversas áreas profissionais e o Jornalismo não é exceção. Na realidade além de observarmos este crescimento...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Ferreira, Beatriz Monteiro Gomes Bernardes (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2020
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/30998
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/30998
Description
Summary:É imperativo compreendermos o papel da mulher no Jornalismo desportivo uma vez que o tema não tem sido objeto de estudo em Portugal. Temos presenciado um aumento da presença das mulheres nas diversas áreas profissionais e o Jornalismo não é exceção. Na realidade além de observarmos este crescimento torna-se ainda relevante conseguir compreender qual o papel destas profissionais quando falamos do Jornalismo desportivo. Em Portugal os estudos sobre o tema são escassos. No entanto é de referir que são muitas as dissertações e teses que cada vez mais abordam o tema, se bem que, com perspetivas diferentes. Os dados que nos têm sido apresentados até ao momento refletem que o Jornalismo desportivo é maioritariamente escrito por homens, sendo que, já são algumas as mulheres que começam a fazer-se notar. É, portanto, o grande objetivo deste trabalho compreender qual o papel das mulheres jornalistas na cobertura mediática desportiva em Portugal, considerando o caso específico do Campeonato do Mundo de Futebol de 2018. Pretende-se analisar o rácio de peças assinadas por mulheres versus aquelas assinadas por homens e, compreender ainda, qual a temática por de trás destas peças. De forma ampla, o principal objetivo caracteriza-se por compreender o papel destas profissionais da área do Jornalismo desportivo e conhecer a sua opinião sobre o tipo de oportunidades que recebem em comparação aos seus colegas, podendo mais tarde, correlacionar os dois tipos de dados. Desde o início desta análise existe um ponto que ficou bem claro: existem, em Portugal, cada vez mais mulheres jornalistas a dedicarem a sua carreira ao Jornalismo desportivo. Na realidade, a partir dos dados que recolhemos foi possível observar que existem várias mulheres a compreender as seções desportivas nos diversos jornais em Portugal. No caso específico do Expresso, que se destaca por ter mais mulheres no exercício de funções do que homens, dos seis jornalistas que cooperam na área desportiva quatro delas são mulheres, incluindo a coordenadora Mariana Cabral. O caso do “Expresso” este jornal é o único em Portugal, uma vez que, em todos os outros jornais em formato online que analisámos em mais nenhum verificamos existir mais mulheres no ativo do que homens. Acrescentamos a este facto ainda a questão de Mariana Cabral ser a coordenadora, papel que nos jornais “A Bola”, “Record”, “Observador”, “O Jogo” e “Diário de Notícias” está atribuído a um homem. A fim de conseguir compreender o real papel da mulher jornalista 6 na cobertura mediática desportiva, considerou-se os jornais acima referidos, sendo que foi possível aferir (dos documentos que se encontram disponíveis até à data) que foram escritas 953 peças sobre o Campeonato Mundial de Futebol de 2018. Ainda é importante referir que deste total apenas 23,1% das peças analisadas foram assinadas por mulheres jornalistas e 32% foram assinadas por homens. As restantes peças correspondem a todas aquelas que foram assinadas pelas redações, agência Lusa ou que juntavam na sua assinatura mais do que um autor. Estes dados alertam-nos ainda para uma outra questão, esta agora referente ao género que foi escrita por mulheres versus aquelas que foram escritas por homens. A fim de compreender o papel da mulher tornou-se vital perceber se as peças assinadas por estas profissionais eram totalmente dedicadas à temática do desporto, ou se por algum motivo, abordavam outras temáticas. Na realidade os dados recolhidos refletem que no que diz respeito às notícias e atualizações sobre o Campeonato, jogos e jogadores apenas 22% das mesmas foram assinadas por mulheres. De referir que, ainda neste ponto, apenas 23% foram assinadas por homens, sendo que a diferença é quase mínima. Relativamente às crónicas, apenas 15% foram assinadas por mulheres em comparação às 51% escritas pelos seus colegas. Sobre os artigos de análise assinados por mulheres, estes compõem apenas 34%, sendo que os homens assinaram 66% destas análises complexas. Estes dados começaram a revelar-se intrigantes e mais expressão ganharam quando, no que diz respeito a artigos de opinião, as mulheres assinaram 32,5% de todas as peças e os homens 62,3%. Valores que apenas se invertem quando analisamos a percentagem de entrevistas realizadas por mulheres jornalistas (93,3%) em comparação às realizadas por homens (6,7%). De forma ampla o papel da mulher na cobertura mediática desportiva está em transformação, na realidade quando nos deparamos com estes valores rapidamente, nos apercebemos que, no que diz respeito a artigos de opinião e análise desportiva, os homens assinam grande parte das peças. Ainda, os homens ocupam cargos hierárquicos superiores às suas colegas, com a exceção do caso do “Expresso” e da TVI, que contam com Mariana Cabral, Magda Magalhães e Cláudia Lopes em funções de coordenação e editoria respetivamente.