Resumo: | Esta dissertação aborda a temática dos refugiados, especificamente das mulheres refugiadas em Portugal. Partindo da questão que inicialmente nos intrigou - de que modo as mulheres refugiadas vivem e se autorrepresentam no contexto da sociedade portuguesa – esta pesquisa baseia-se na perspetiva das próprias mulheres, e não de outros atores sobre elas. Com base nas narrativas e experiências de sete mulheres que pediram asilo em Portugal, analisamos a sua condição de vulnerabilidade versus a sua capacidade de ação e superação das dificuldades que surgem no país de acolhimento, dando um rumo positivo à sua vida. O género é uma questão transversal à pesquisa e um fator chave na tomada de decisões e nas estratégias adquiridas ao longo das experiências vividas no país de acolhimento. As mulheres refugiadas têm dificuldades próprias e necessidades específicas de proteção. Para além de uma reflexão mais alargada sobre as políticas ocidentais cada vez mais restritivas e discriminatórias em relação aos imigrantes e requerentes de asilo, associadas ao reforço de fronteiras, a análise estende-se ao contexto legal e políticas de asilo em Portugal, bem como aos mecanismos institucionais de acolhimento e proteção dos requerentes de asilo e dos refugiados. Quais os impactes reais destas políticas no dia-a-dia destas mulheres? Que direitos lhes são efetivamente assegurados? O que a lei consagra não corresponde à realidade vivida por estas mulheres. Considera-se que para além da fragilidade institucional, existem fortes obstáculos à sua inserção e participação na sociedade. A invisibilidade das mulheres refugiadas no contexto da sociedade portuguesa mantém-se.
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