Resumo: | Numa era marcada pela crescente mobilidade de cidadãos e de informação, torna-se necessário explorar a riqueza da diversidade e a complexidade que caracterizam as sociedades atuais, num diálogo de compreensão que assegure e promova a cidadania democrática e valores de respeito, inclusão e abertura ao Outro (Sousa Santos, 2017). Neste contexto, a educação em línguas desempenha um papel fundamental na formação de cidadãos capazes de se compreenderem a si próprios, aos outros e o mundo que os rodeia, incluindo a diversidade linguística e cultural (Beacco et al. 2016). O estudo que apresentamos assenta na ideia de plurilinguismo, que se constitui como valor a promover e competência a desenvolver e de que o inglês, como língua de comunicação internacional e detentor de uma posição privilegiada no currículo de línguas, representa uma oportunidade única para o desenvolvimento da educação plurilíngue (Galloway, 2017; Pinho & Moreira, 2012). Para tal, realizámos um estudo de caso, com uma turma do Ensino Secundário, com o qual se pretendia: i) compreender o papel do ensino de inglês no desenvolvimento da competência plurilingue dos alunos; ii) conceber, implementar e avaliar um programa de educação plurilingue em aula de inglês; iii) identificar indícios de desenvolvimento da competência plurilingue em alunos de inglês do Ensino Secundário. Tendo em conta estes objetivos, o estudo apoia-se num tipo de investigação qualitativa, inserida num paradigma de natureza fenomenológico-interpretativa (Guba & Lincoln,1994). Os dados foram recolhidos durante e após a implementação de um plano de intervenção pedagógico-didática, através da observação de aulas, da análise de portfólios dos alunos, da observação de workshops linguísticos e das respostas a inquéritos por entrevista em focus group. No quadro de uma abordagem qualitativa, o estudo adotou a análise de conteúdo de tipo interpretativo e interativo (Bardin,2004). A análise dos dados recolhidos mostra indícios do desenvolvimento da competência plurilingue dos alunos, em diferentes dimensões: ao nível socioafetivo, pela reconstrução de representações em relação às línguas e culturas, pelo desenvolvimento do conhecimento em relação ao mundo das línguas e pela curiosidade e motivação pela aprendizagem de outras línguas; ao nível da gestão dos repertórios linguístico-comunicativos dos alunos, pela consciência da importância dos seus percursos linguístico-comunicativos; ao nível da gestão dos repertórios de aprendizagem, pelas descobertas dos alunos em relação à sua capacidade de trabalhar com as línguas; e ao nível da gestão da interação, pela capacidade de mobilização de diversas estratégias de interação em situações de contacto com falantes de outras línguas. Os resultados do estudo evidenciam que a aula de língua inglesa constitui um espaço de promoção do plurilinguismo quando permite: i) desenvolver a cultura linguística dos alunos e a sua capacidade de contactar com outras línguas; ii) observar e trabalhar diferentes línguas e refletir sobre os seus papéis e estatutos; iii) refletir sobre a forma como os sujeitos se relacionam com as línguas e as aprendem.
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