Summary: | Este trabalho constitui uma descrição e reflexão sobre a intervenção musicoterapêutica em duas unidades psiquiátricas no Hospital de Santa Maria: a intervenção com um grupo de adultos integrados no hospital de dia da unidade de psiquiatria; e a intervenção com um adolescente inserido na unidade de dia do serviço de psiquiatria na adolescência. Ambas as intervenções ocorreram ao longo de 6 meses. O grupo de adultos foi composto por 15 utentes com idades compreendidas entre os 21 e os 60 anos, submetidos a 18 sessões musicoterapêuticas. O adolescente, de 14 anos, esteve presente em 10 de 13 sessões em grupo, e foi submetido a 5 sessões individuais. A técnica central utilizada foi a improvisação, complementada com a recriação de canções e escuta musical. Na análise e reflexão efectuadas, abordam-se as fases de desenvolvimento e as dinâmicas grupais, o desenvolvimento das dimensões musical, relacional, e pessoal, com um enfoque mais atento na fenomenologia da relação e criação musical. Os resultados, que se revelaram positivos, foram verificados através de uma análise qualitativa atenta e continuada dos dados de observação clínica, que confirmam as expectativas apresentadas na literatura. O acompanhamento musicoterapêutico foi integrado num trabalho multidisciplinar praticado pelas equipes do hospital de dia e da unidade de dia da adolescência. Neste contexto, a musicoterapia revelou-se como um processo do qual emergem novas perspectivas sobre os utentes, e sobre os quais é possível realizar um trabalho singular possibilitado pela fenomenologia não verbal da criação / relação musical.
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