Resumo: | Em Portugal, a investigação vitimológica tem-se centrado fundamentalmente no estudo das diferentes formas de violência individual e na análise do impacto negativo e do défice, associados às mais diversas experiências de vitimação. Deste modo, tem-se secundarizado a investigação em torno da vitimação múltipla (seja com crianças, adolescentes e adultos), dos fatores protetivos e das variáveis suscetíveis de mediar e/ou reduzir a relação entre vitimização (múltipla) e desajustamento psicológico. No presente trabalho procuraremos analisar e problematizar a necessidade de se introduzir uma mudança de paradigma na tendência da investigação neste domínio. Para tal, procuraremos proceder a uma sistematização da literatura internacional que progressivamente tem vindo a alertar para a coocorrência de múltiplas formas de vitimação ao longo do ciclo vital em diversos contextos e os efeitos decorrentes desta exposição repetida à violência (seja em crianças, adolescentes e adultos). Por fim e partindo das evidências que documentam que há pessoas expostas a diversos tipos de violência e crime que poderão revelar um funcionamento adaptativo, procurar-se-á analisar e discutir a importância dos fatores protetivos ao nível da intervenção os quais poderão desempenhar um papel fundamental na gestão do risco e na redução do comportamento violento.
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