Summary: | INTRODUÇÃO: A população idosa tem, por inerência do percurso de vida efetivado, condições particulares de saúde em geral e de saúde oral que culminam com o aumento das necessidades de satisfação. Há evidencia de que ter um alto nível socioeconómico e literário é um determinante protetor da saúde oral. OBJETIVOS: Avaliar o impacto do nível da alfabetização na autoperceção da saúde oral do idoso. METODOLOGIA: Estudo quantitativo, transversal e correlacional. A recolha de dados baseou-se em entrevistas estruturadas fundamentadas num questionário sociodemográfico e na versão traduzida e adaptada para a população portuguesa do Oral Health Impact Profile (OHIP-14-PT) a 151 idosos. RESULTADOS: Do total da amostra (n=151), 34,5% (n=52) dos indivíduos não têm escolaridade e 53,7% (n=81) frequentaram o ensino até ao 1º Ciclo do Ensino Básico (CEB), sendo que apenas 4,6% (n=7) completaram o ensino superior. Verificou-se ausência de relação estatística entre o nível de alfabetização e o sexo dos respondentes (p= 0,306), mas há associação com significado estatístico entre a Dimensão Desvantagem do OHIP-14-PT e o nível de alfabetização (p = 0,001), assim como desta variável com os itens Dificuldade em relaxar (p = 0,039) e Perceção de incapacidade em desenvolver as suas atividades (p = 0,000). Na globalidade do OHIP-14-PT, considerando o método de adição, aferiu-se que o score médio obtido na amostra é de 18,22 (dp = 10,66), havendo diferença estatística entre o score total do referido instrumento de recolha de dados e o nível de alfabetização (p = 0,003). Verificou-se que os indivíduos com um nível de alfabetização mais elevado autorrelataram melhor QdV relacionada com a saúde oral. Os idosos que frequentaram o 1º CEB têm scores que variam entre o 0 e o 50, valor indicativo de pior QdV relacionada com a saúde oral, seguindo-se os respondentes com o 3º CEB cujo score máximo obtido foi de 43. Na amostra estudada, os participantes com o ensino secundário foram os que relataram melhor QdV relacionada com a saúde oral. No que respeita aos inquiridos sem escolaridade verificou-se um score mínimo para o OHIP-14-PT de 0 e máximo de 40, sendo que os scores prevalentes foram o 13, 20, 21 e 26 (7,7%, n = 4). CONCLUSÕES: Na correlação da variável Nível de alfabetização com o OHIP-14-PT verificou-se existir uma associação com significado estatístico, sendo que, quanto mais elevado é o nível de escolaridade, melhor a QdV relacionada com a saúde oral autorrelatada.
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