Summary: | O artigo procura refletir sobre o papel transformador da arte e dos artistas, nos dias de hoje e no tempo futuro. Escolhemos como ponto de partida a obra de um relevante escultor português de vanguarda: Rui Chafes, desafiador de novos caminhos estéticos. É um escultor conceptual, do ferro e do fogo, que procura e aspira ao abstracionismo, enquanto nova linguagem e nova visão do mundo. O artista pensa densamente o seu trabalho, publicando regularmente textos sobre a sua obra, nas suas relações com a arte, a beleza e a vida. A partir da sua biografia artística imaginária, Entre o Céu e a Terra, um pouco à maneira das Vidas de Vasari, começaremos por apresentar o universo estético e plástico do escultor. Para em seguida refletirmos como o seu original percurso de identidade se revela inspirador e enriquecedor. Esta personagem imaginária que nasceu na Alemanha do século xiii absorveu a aspiração espiritual das formas góticas medievais e o sentido da natureza, do sublime e do espírito absoluto, próprios do romantismo alemão. Da sua longa experiência, destacamos a aprendizagem do valor da vida, o gosto pelo aqui e agora, ambos enraizados numa espessura devivências e de memórias; memórias, lugares e temporalidades, que interagem e dialogam com as suas esculturas — peças que sacra- lizam os espaços que habitam, como se neles sempre tivessem permanecido. Para Rui Chafes o futuro humano depende da capacidade de incorporarmos a memória e o passado no presente, e, neste sentido, o seu projeto é o de uma aliança muito original e promissora entre tradição e modernidade.
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