Summary: | Erguido estrategicamente no topo de um monte com um claro fito militar, nomeadamente para defesa e vigilância do território, o castelo de Alenquer cumpriu certamente, à semelhança dos seus congéneres, funções de carácter civil, políticas e administrativas. Os trabalhos arqueológicos ali levados a cabo por Hipólito Cabaço, no decurso das décadas de 20 e 30 do século XX, permitiram recolher um interessante conjunto artefactual deixado na sua maioria inédito até aos nossos dias. Nele, o presente estudo permitiu reconhecer uma larga diacronia cronológica balizada entre o 1º/2º quartel do III milénio a.C. e a época contemporânea, identificando importantes testemunhos das vivências quotidianas das populações pretéritas que ocuparam, de forma contínua ou ininterrupta, aquele Sítio. O castelo de Alenquer e as suas muralhas exercem, per si, o simbolismo da superioridade socioeconómica e autoridade dos seus senhores sobre os habitantes do interior da cerca ou das zonas envolventes. São memória de cerco e de ataque, de atacantes e sitiados, de choques ou comunhão entre culturas coexistentes; de rotinas específicas nas esferas feminina e masculina, de práticas comuns como comer ou orar nos diversos estamentos sociais, sejam eles prestigiados ou desfavorecidos. Conquanto se conheça pouco acerca da evolução da fortificação e dos seus quotidianos, a presente dissertação procura, a partir do estudo sistemático do espólio exumado no local, e de uma tentativa de reconstituição das intervenções arqueológicas que ali decorreram, mormente por iniciativa de Hipólito Cabaço, interpretar o Sítio como uma unidade dinâmica, acrescentando conhecimento sobre a Alenquer de outros tempos.
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