Resumo: | Este artigo tem por objetivo demonstrar de que modo a sociedade conimbricense praticou a primeira das obras de misericórdia corporais: “Dar de comer a quem tem fome”. Pretendemos apresentar como se proveu o sustento alimentar dos pobres e doentes, na cidade de Coimbra, ao longo da Idade Média, e como, dessa forma, se cuidou de corpos fragilizados tanto pela miséria, como pela doença. Primeiro, no contexto de desenvolvimento da designada “economia da salvação”, analisaremos os legados testamentários compostos por géneros alimentares ou quantias em dinheiro destinadas a comprar estes produtos para os pobres. Neste sentido, é nosso objetivo verificar que alimentos compunham esses legados, para perceber quais os mais frequentemente repartidos pelos indigentes e enfermos da cidade, e analisar como se distribuíam ao longo do calendário. Num segundo momento, centraremos a nossa atenção no provimento alimentar oferecido pelas confrarias e hospitais de Coimbra, responsáveis por acolher pobres e doentes, que aqui encontravam condições básicas de sobrevivência. Destacaremos o Hospital de Santa Isabel e o Hospital de S. Lázaro, para os quais se conhecem as rações individuais distribuídas a partir de 1328 e 1329, respetivamente.
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