Resumo: | O objetivo deste estudo é avaliar a relação entre alguns traços da Personalidade numa população em vigilância eletrónica (VE), de acordo com a idade e o sexo, com os de uma população geral e de uma população de reclusos de um estabelecimento prisional (EP) do país. São inúmeras as teorias e visões explicativas sobre o crime e a sua origem. Umas focam-se na ação, outros no autor, mais recentemente na vítima e no sistema judicial. Segundo estudos sobre a saúde mental, as perturbações da personalidade, são diagnosticadas dentro da população de reclusos com grande impacto que, associados à reclusão, se tornam potenciadores de agravamento clínico relevante, consolidando comportamentos antissociais e que, por consequência, se relacionam com fatores de reincidência. Apostando num conceito mais abrangente não focada apenas na punição, surgem novos estudos que concentram esforços para apoiar, aconselhar e capacitar os infratores para uma maior inclusão na sociedade na tentativa de diminuir a reincidência. Com o surgimento da VE emergem tentativas de conjugar vontades de superação do conceito de Reabilitação. Para perceber algumas dimensões de personalidade desta última população foi realizado um estudo numa amostra não inferior a 30 arguidos em VE, na sua maioria do sexo masculino (83,9%), entre os 19 e os 93 anos de idade. Foi efetuada uma caracterização geral da mesma e um estudo sobre algumas dimensões de personalidade nomeadamente psicoticismo, extroversão, neuroticismo onde se incluiu o nível de mentira. Os resultados obtidos revelam valores clinicamente significativos nos traços mencionados e nas correlações efetuadas entre diferentes populações porém sem alterações revelantes ao longo do tempo de permanência em Vigilância Eletrónica. Constatamos de igual forma que a existência de problemas de saúde observados nesta população se enquadravam na sua grande maioria na prática de crimes contra pessoas (72,7%) que nos demais.
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