Summary: | As deslocações humanas para fora do seu local de origem são tão antigas quanto a humanidade. Ao longo dos tempos, o ser humano migrou com o objetivo de assegurar a sobrevivência, ou para melhorar as condições de vida. Atualmente, num mundo dito globalizado, a tendência é para a remoção progressiva dos entraves à livre circulação de pessoas, mercadorias e capitais. Dos três, os fluxos populacionais são os que se encontram menos flexibilizados, uma vez que a mobilidade populacional e as migrações colocam problemas específicos e complexos, quer para os países de origem, quer para os de acolhimento. Do ponto de vista teórico, até aos anos 70 do século passado, a migração era um fenómeno masculino. Os aspectos relacionados com o género não eram considerados, pois assumia-se que os homens migravam por razões relacionadas com o trabalho e as mulheres, quando deixavam o país de origem, faziam-no com o objectivo de se reunir aos maridos emigrados. Esta abordagem teórica ignorava o fato de, a nível mundial, o número de mulheres migrantes ser apenas ligeiramente inferior ao dos homens e dos movimentos femininos não serem todos motivados por reunificação familiar. A crescente feminização dos movimentos migratórios fez com que, gradualmente, a diferenciação por género fosse sendo considerada nas análises que procuravam explicar as migrações. Nesta dissertação focamos a nossa atenção nas imigrantes brasileiras em Portugal, na primeira década do século XXI, procurando identificar as suas motivações e enquadrando-as nos referenciais teóricos que diferenciam a migração em termos de género: ABSTRACT: Human outflows are as old as the humanity itself. Over time, human beings have migrated either to ensure their survival or to improve living conditions. Today, in the so-called globalized world, the trend is for a progressive removal of barriers to the free movement of people, goods and capital. Of the three, the population flows are currently the least mobile, given that population mobility and migration poses specific and complex problems for host and origin countries. From a theoretical point of view, until the 1970s, migration was a masculine phenomenon. Aspects related to gender were not considered because it was assumed that men migrated for work related reasons and women left their country of origin in order to be reunited with their emigrant husbands. This theoretical approach ignored the fact that, globally, the number of migrant women is only slightly lower than that of men and that not all women's movements are motivated by family reunification reasons. The increasing feminization of migration flows has gradually been theoretically acknowledged and gender issues are now considered in analyses that explain migration. In this dissertation we focus our attention on Brazilian immigrants in Portugal, in the first decade of this century, trying to identify their motivations and framing them in the theoretical frameworks that differentiate migration in terms of gender.
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