Reclusão feminina : maternidade e nacionalidade

As mulheres estiveram durante muito tempo ausentes no estudo da criminalidade, a nível nacional e internacional (Matos, 2008). É também à figura feminina que se atribui maior responsabilidade no incremento de cidadãos estrangeiros no sistema jurídico e prisional (Moreira, 2006). Perante a reclusão f...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Guimarães, Ana Carolina Rachinhas da Silva (author)
Format: masterThesis
Language:por
Published: 2015
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10400.14/18014
Country:Portugal
Oai:oai:repositorio.ucp.pt:10400.14/18014
Description
Summary:As mulheres estiveram durante muito tempo ausentes no estudo da criminalidade, a nível nacional e internacional (Matos, 2008). É também à figura feminina que se atribui maior responsabilidade no incremento de cidadãos estrangeiros no sistema jurídico e prisional (Moreira, 2006). Perante a reclusão feminina, o exercício da parentalidade por mulheres reclusas continua invisível (Granja, Cunha & Machado, 2013), existindo poucos estudos que se debrucem sobre o efeito da reclusão nas mães (Shamai & Kochal, 2008). O presente estudo tem como objetivo perceber como é que as mulheres vivenciam a maternidade em contexto de reclusão, qual o impacto da maternidade na adaptação a esse contexto e o impacto da reclusão na maternidade e se é sentido ou não de igual forma por reclusas nacionais e estrangeiras. Para tal, foram entrevistadas quatro reclusas mães, duas portuguesas e duas estrangeiras, com filhos dentro e fora do Estabelecimento Prisional, com recurso a um guião de entrevista semiestruturado. A partir da análise qualitativa dos discursos das quatro entrevistadas foi possível concluir que os filhos são a figura central. Para as reclusas estrangeiras contribuem para atenuar o choque à reclusão e, consequentemente facilitar a sua adaptação a este contexto, pois constituem na maioria das vezes o único apoio. Para as reclusas portuguesas e, dado que estas têm importantes figuras de suporte, como família e amigos, esta centralização resulta da necessidade de manutenção do vínculo materno e de sentimentos de culpabilidade.