Summary: | A Figueira da Foz, povoação localizada no estuário do rio Mondego, começou a crescer, a partir do século XVIII, graças ao desenvolvimento do tráfego e do comércio marítimos. Cerca de um século mais tarde, com a introdução da “moda dos banhos” de mar em Portugal e a difusão da prática da vilegiatura marítima, a Figueira converteu-se numa florescente estância balnear. Tendo como modelo as grandes estâncias balneares europeias, procedeu-se, então, à organização intencional do espaço urbano, sobretudo na zona nobre da frente marítima. Apesar da visibilidade do turismo balnear, a Figueira nunca perdeu o seu cariz portuário. O impacte mais significativo nesta orla costeira foi produzido pela construção e prolongamento dos molhes do porto da Figueira da Foz (em 1965 e no século XXI). Estas intervenções tiveram consequências profundas neste litoral e nos sectores adjacentes. A partir do caso de estudo da Figueira da Foz, destacamos a complexidade das interações Homem-Meio, fazendo ver como o turismo e a exploração portuária do litoral, não só moldaram a história desta cidade, desde meados do século XIX até hoje, como foram também responsáveis pela transformação de toda aquela orla marítima, criando novas paisagens, impondo uma outra linha de costa e intensificando a vulnerabilidade dos núcleos urbanos à erosão costeira.
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