Resumo: | A deriva litoral é a principal responsável pelo transporte de sedimentos na costa ocidental portuguesa. No entanto, na bibliografia disponível, a caracterização dos volumes de sedimentos transportados mostra-se escassa e dispersa. O conhecimento de parâmetros como a altura de onda e o respetivo ângulo de incidência, torna-se fundamental para caracterizar o clima de agitação, que reflete a capacidade de transporte sedimentar num dado trecho costeiro. Assim, procedeu-se à realização de campanhas de campo na Praia de Mira, onde foram utilizados sensores PT, para medição da altura de onda, OBS, na medição da concentração de sedimentos em suspensão e um ECM, para medição das velocidades de corrente. Os resultados obtidos nas campanhas tiveram como objetivo estimar as características de agitação, correntes e transporte sedimentar em suspensão durante um ciclo de maré. Estes elementos permitiram também validar e calibrar os modelos STWAVE e GENESIS, onde se verificou que a altura de onda não variou muito durante a propagação até à zona de rebentação, observando-se uma rotação das ondas, por efeito da refração, à medida que estas se aproximam da costa. Quanto ao transporte sedimentar longitudinal, extrapolando o valor obtido em campo, que corresponde ao transporte sólido em suspensão por metro de largura, estimou-se o caudal sólido em cerca de 0.96x104 m3/ano/m, no sentido Norte – Sul. Através do modelo GENESIS, nas condições registadas nos dias das campanhas de campo, o valor estimado para o transporte sedimentar longitudinal ao longo da largura ativa do perfil foi de 24.0x104 m3/ano, inferior aos valores obtidos pelas fórmulas de CERC e Kamphuis, 33.9x104 e 46.0x104 m3/ano, respetivamente. O trabalho desenvolvido permite apresentar um contributo na caracterização da propagação das ondas e na estimativa dos caudais sólidos em transporte. A monotorização deve continuar ao longo do tempo, para aumentar a extensão da série de dados.
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