Summary: | Num contexto plurilingue na Suíça, país com uma diversidade linguística bastante presente, desenvolvemos o nosso estudo com o objetivo de compreender como se caracteriza a competência metafórica dos falantes de português como língua de herança (PLH). Apesar do conceito de língua de herança ser relativamente recente, a investigação dos últimos anos na área específica do PLH tem sido muito profícua (cf., entre outros, Flores, 2013a; Flores & Melo-Pfeifer, 2014; Melo-Pfeifer, 2016; Ferreira, 2016) e tem contribuído para um melhor conhecimento deste grupo de falantes. Assim, e tendo a Suíça uma comunidade portuguesa muito numerosa com cerca de 10.000 alunos a frequentar os cursos do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) no ano letivo de 2018/2019, torna-se imperativo investigar e conhecer melhor este público para que as práticas linguísticas e didáticas possam ser adaptadas ao mesmo e tornarem-se, assim, mais efetivas. Por sua vez, a competência metafórica (cf. Danesi, 1993; Batoréo, 2015), entendida como a capacidade de compreender e produzir expressões metafóricas, ubiquamente presentes na linguagem do quotidiano, é uma competência linguística essencial para qualquer falante. Com a presente dissertação procuramos analisar a competência metafórica, nomeadamente ao nível da produção de expressões corporizadas com as palavras ‘mão’ e ‘pé’, de dois grupos de falantes de PLH na Suíça de faixas etárias diferentes. Ambos os grupos são constituídos por falantes de PLH que frequentam o 7º ano e o 10º, 11º e 12º anos dos cursos do EPE da cidade de Chur, situada na região germanófona da Suíça. Com base na análise do corpus do grupo de falantes de PLH e comparando-o com o grupo de controlo de língua materna, concluímos que a competência metafórica nos dois grupos etários de PLH não é significativamente diferente e que, simultaneamente, os falantes mais novos de PLH têm uma competência metafórica muito próxima da dos falantes nativos, enquanto nos mais velhos verificamos uma competência metafórica menos desenvolvida em comparação com a dos falantes nativos.
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