Summary: | Neste capítulo aborda-se, numa primeira parte, os conceitos e as controvérsias à volta da didáctica e, numa segunda parte, a origem, o desenvolvimento e a aplicação do modelo de transposição didáctica. Assim, no início do capítulo refere-se a divergência quanto à interpretação do termo didáctica entre línguas latinas e a língua inglesa, a preocupação de associar as didácticas às suas disciplinas específicas dos saberes, bem como a confusão entre didáctica e pedagogia e ainda a ânsia da distinção entre estas duas ciências que, embora distintas, trabalham a mesma realidade: a sala de aula. Depois da apresentação de uma colectânea de enunciados de diversos autores, tentando definir didáctica, a primeira parte deste capítulo termina com alguns princípios norteadores de estudos em didáctica. Na segunda parte, refere-se a origem do conceito de transposição didáctica (TD) emergente na área da didáctica da matemática e a sua apropriação pelas didácticas em ciências, em especial pela didáctica da biologia. É dada ênfase à importância das práticas sociais de referência e dos valores (modelo KVP) subjacentes aos conteúdos de ensino na transposição didáctica e apresenta-se, como exemplos, alguns dados obtidos no desenvolvimento do projecto BIOHEAD-CITIZEN que envolveu a comparação da transposição didáctica de conteúdos socialmente controversos de biologia (reprodução, genética, educação para a saúde, educação ambiental, evolução) para manuais escolares de 19 países, dentro e fora da Europa. Esta segunda parte termina com a apresentação do modelo de distância da transposição didáctica (DTD), que se reporta à diferença de tempo entre a data da publicação do trabalho científicos e a sua entrada nos programas escolares e nos manuais, fortemente dependente dos valores e das práticas sociais. Este capítulo termina enfatizando a relevância da utilização destes modelos didácticos como instrumentos valiosos para estudos em didáctica, nomeadamente na didáctica da biologia.
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