The Idiot Boy de William Wordsworth: uma auto figuração romântica de liminaridade e marginalidade

O poema de William Wordsworth "The Idiot Boy" (Lyrical Ballads, 1802) é talvez atípico no conjunto da sua obra na medida em que conta uma história em que o autor não é ele próprio um personagem. A maioria dos poemas de Wordsworth sobre figuras marginais costuma envolvê-lo a ele mesmo ou de...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Guimarães, Paula Alexandra (author)
Format: bookPart
Language:por
Published: 2015
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/1822/46474
Country:Portugal
Oai:oai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/46474
Description
Summary:O poema de William Wordsworth "The Idiot Boy" (Lyrical Ballads, 1802) é talvez atípico no conjunto da sua obra na medida em que conta uma história em que o autor não é ele próprio um personagem. A maioria dos poemas de Wordsworth sobre figuras marginais costuma envolvê-lo a ele mesmo ou descrever a sua aproximação a uma pessoa ou a um local, ou ainda referir explicitamente a lembrança desse contacto. Mas se este poema é uma memória (recollection), não é anunciado como tal. O facto de que ‘Johnny’ é um idiota, literalmente uma criança demasiado crescida, torna-se mais do que apenas um detalhe do enredo; está presente no esquema simplificado de rimas regulares que confere ao poema uma qualidade de nursery-rhyme, de canção infantil, cujo estilo parece dominar sobre o conteúdo em si mesmo. Wordsworth sugere nesta balada que a valoração e apreciação poéticas genuínas que o menino ‘idiota’, completamente perdido no meio da noite, experimenta na sua aventura são de algum modo análogas ao amor encantado que o ‘verdadeiro’ poeta sente pela natureza e pela beleza. Wordsworth permite-se, assim, um final feliz: depois de acusar as musas de ter sido o seu escravo ao longo de catorze anos, o poeta decide reunir a mãe desaustinada/tresloucada e o filho ausente/deficiente num encontro improvável mas afetivo. A suposta ‘glória’ de Johnny é que ele pode manter a singularidade do seu ponto de vista e das suas observações sem sacrificar o estado de inocência que é típico da infância. É inquestionável que Wordsworth sente uma identificação ou empatia com estas figuras liminares, que ele incarna: a experiência estética e, em particular, a capacidade de espanto perante o belo aproximaria, deste modo, o idiota do artista.