Resumo: | O género Salvia inclui diversas espécies de plantas ricas em compostos fenólicos e propriedades biológicas (Kintzios, 2000). A Salvia elegans é conhecida por salva ananás devido ao seu cheiro característico, sendo usada na medicina tradicional para tratar afeções do sistema nervoso central (Jiménez-Ferrer, 2010). A Salvia officinalis é cultivada em todo o mundo pelas propriedades benéficas da planta e/ou dos óleos essenciais ou extratos polares (Kintzios, 2000). Apesar disso, pouco se sabe em relação às propriedades antibacterianas de extratos polares destas duas espécies. Objetivo: Neste trabalho pretende-se clarificar a capacidade antimicrobiana das espécies S. elegans e S. officinalis, determinando as concentrações a que estas espécies conseguem inibir o crescimento de bactérias Gram-negativas e Gram-positivas, bem como determinar a concentração letal de cada extrato perante o painel de bactérias em estudo. Foi também objetivo determinar o perfil fenólico dos extratos aquosos das espécies S. elegans e S. officinalis. Metodologia: As decocções das plantas S. officinalis e S. elegans foram obtidas com uma proporção 16,0 e 17,0 mg/mL respetivamente, e avaliadas quanto à sua capacidade antibacteriana pelo método de microdiluição em meio líquido, contra um painel de bactérias Gram-negativas (Salmonella typhimurium, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa) e bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Staphylococcus epidermidis). Foram ainda determinadas as Concentrações Mínimas Inibitórias (CMI) e as Concentrações Mínimas Bactericidas (CMB) dos extratos perante cada uma das bactérias. A identificação dos compostos fenólicos dos extratos aquosos das duas espécies foi efetuada por UHPLC-DAD-ESI/MSn. Resultados: De forma geral, os extratos apresentaram melhor capacidade antibacteriana contra bactérias Gram-positivas (CMI no intervalo de 0,5 a 4 mg/mL) do que bactérias Gram-negativas (CMI= 8,5 e 8,0 mg/mL, respetivamente), conforme tem sido observado noutras espécies de Salvia (Bahadori et al, 2017; Alimpić et al, 2015). Para além da capacidade inibitória, os extratos possuíam também capacidade bactericida perante as cinco espécies bacterianas em estudo (CMB no intervalo 1,0 a 8,5 mg/mL), à exceção da S. elegans, cuja concentração (8,5 mg/mL) não inativou a S. typhimurium. O perfil fenólico do extrato aquoso da S. elegans incluiu maioritariamente compostos fenólicos derivados do ácido cafeico, enquanto o de S. officinalis era principalmente rico em flavonas. Conclusões: Neste estudo foi avaliada pela primeira vez a atividade antimicrobiana (inibitória e bactericida) de extratos aquosos de S. elegans e de S. officinalis. Genericamente as decocções destas duas espécies apresentaram boa capacidade antibacteriana pela inibição e inativação de bactérias, o que poderá estar relacionado com o seu perfil fenólico.
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