Summary: | Entender e compreender o papel e as vantagens da Musicoterapia em adultos portadores de perturbação do Espectro do Autismo, é o objetivo deste relatório. Neste sentido foi levado a cabo a intervenção junto dos utentes da CERCIBEJA, em adultos com idades compreendidas entre os 18 e 50 anos, uns em regime externo e outros em acolhimento residencial. O trabalho foi desenvolvido com indivíduos que nunca tiveram, de acordo com informações recolhidas, qualquer contacto com este tipo de terapia, e pode contribuir para ajudar a revelar como a musicoterapia, através de técnicas e métodos específicos, funciona como agente facilitador da integração social e dos processos de comunicação, promovendo bem-estar físico e psicológico. É ideia recorrente que a musicoterapia funciona como veículo importante para a estimulação e integração de qualquer indivíduo numa comunidade, pois as experiências vivenciadas em setting propiciam uma participação ativa e de interação, desenvolvendo rotinas, saberes e capacidades. Faltava, porque nunca existiu até aqui, trazer estas experiências à CERCIBEJA e aos seus utentes, ajudando estes, em conjunto com o restante trabalho que diariamente é desenvolvido, a alcançar e concretizar os objetivos que estão na génese da Instituição. A metodologia de investigação utilizada foi de natureza qualitativa e a amostra foi composta por sete adultos, com a apresentação de dois estudo de caso. Foram utilizadas diferentes ferramentas e técnicas para a recolha de dados - entrevistas, observação e análise documental, tendo sido efetuado regularmente um registo direto e análise posterior da informação. Os resultados obtidos são prometedores e ajudam a comprovar as vantagens da utilização de terapias variadas e inovadoras no trabalho que é feito diariamente com utentes portadores de perturbação do espectro de autismo. O contacto com a musicoterapia ajudou a criar mais momentos de empatia, de crescimento pessoal, de partilha de emoções e sensações. Os momentos musicais conseguidos funcionaram como catalisadores que ajudaram a quebrar barreiras, maximizando, por um lado, as capacidades e necessidades de comunicação e, por outro, minimizando os bloqueadores que existem naturalmente neste tipo de utentes. Estas pequenas/grandes alterações foram sentidas não só no âmbito da presença dos indivíduos na instituição mas, de acordo com alguns dos técnicos e familiares dos utentes, extrapolaram, em alguns casos, os muros da CERCIBEJA.
|