Resumo: | Por quotidiano entende-se aquilo que engloba a rotina, o ordinário, o dia-a-dia. É, no entanto, uma palavra que representa algo muito mais amplo e indeterminável do que se possa conseguir compor numa simples definição, uma vez que é quase impossível a tarefa de conseguir descrever nele tudo o que dele faz parte, de tão ambíguo que pode também ser. Essas suas qualidades de ser ambíguo e indeterminável são valorizadas por alguns artistas desde o início do séc. XX (Johnstone, 2008:15). Os Dadaístas usaram-no para desenvolver uma crítica social em torno de uma cultura que viam marcada por repetitivos e vulgares trabalhos, justificados com a necessidade de produção numa sociedade capitalista que renunciava ao prazer. O presente artigo propõe uma análise da evolução das diferentes formas de uso do quotidiano na arte desde os Dadaístas até aos dias de hoje, tomando como referência alguns artistas contemporâneos que são motivados pelo quotidiano, numa mesma vontade de reformular, de valorizar e não deixar perdido ou fechado, acontecimentos, objetos e experiências vividas. Ajudando no atenuar da barreira entre o público e o privado e acompanhando assim as tendências de uma sociedade onde essa fronteira se torna cada vez mais ambígua.
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