Summary: | O presente trabalho relata a intervenção realizada junto de uma criança com diagnóstico clínico de epilepsia mioclónica-astática, e um atraso de desenvolvimento ao nível das competências comunicativas e linguísticas. As acentuadas dificuldades da criança em comunicar e exprimir-se - recorre essencialmente à palavra-frase, dirige-se aos locais e aponta para expressar os seus desejos e vontades – estiveram sempre no foco da atenção da investigadora/estagiária, que baseou toda a intervenção numa cuidada e multidimensional observação, recolhendo dados sobre a criança e respetivo funcionamento nos seus contextos de vida (jardim-de-infância, família, hipoterapia e sessões da “Associação Pais em Rede”, em que participava com a mãe), recorrendo a vários instrumentos formais de avaliação da linguagem, aplicados antes e após a intervenção. Os dados indicaram uma importante evolução da criança que, no final da intervenção, formulava enunciados de quatro palavras de conteúdo, em frases complexas, incluindo o uso de advérbios. A incondicional disponibilidade da criança para as propostas de trabalho que lhe eram dirigidas, a paradoxal e extrema facilidade com que se distraía da tarefa em mãos, e o impacto negativo da “epilepsia de ausência” de que sofria, motivaram uma busca exaustiva da “chave” para chegar até ela e manter o seu interesse e concentração. Essa crucial componente veio a revelar-se ser o recurso a imagens ou objetos diretamente relacionados com a criança e as suas vivências (fotos dela própria, etc.), em vez de se utilizarem imagens estereotipadas e/ou alheias à realidade da criança.
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