Resumo: | As sociedades (hiper)modernas perderam a paciência de ouvir os sermões que beiram a hipocrisia e que, distante da realidade atual, pregam o que não podem nem querem cumprir. Apesar de sabermos que a mídia tem um papel normativo e exerce influência sobre o cotidiano com inquestionável poder de massificação, ela pode favorecer, mas não necessariamente impor, um ou outro comportamento público. As Igrejas engajam-se no uso do poder da mídia para veicular antigas mensagens em nova roupagem sem, contudo, produzir o efeito desejado. Para constatar tal situação é suficiente observar a relação igreja católica, sociedade e mídia na Espanha durante as campanhas religiosas contra o matrimônio homossexual ou o seu posicionamento sobre o uso de preservativos e a falta do efeito social esperado de tal posicionamento. Há um clamor social pela separação das forças estatais e eclesiásticas em nome da viabilidade de um Estado moderno e que cumpra o dever de possibilitar o acesso dos cidadãos a informações e a pontos de vista diversos, a uma gama variada de escolha. Isso proporciona autonomia de pensamento e de ação e liberdade de opinião sobre um número maior de fenômenos: “Aliás nossas sociedades se caracterizam não pelo consenso, mas pelo debate permanente, para o qual a mídia contribui muito.” (Lipovetsky, 2005: 42).
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