Summary: | Este trabalho objetiva refletir acerca da dimensão da pista na narrativa criminal ficcional a partir de sua principal materialização: o rastro. Este surge como o ponto fundamental para pensarmos as implicações narrativas e epistemológicas de toda a tradicionalidade e de um fenômeno em particular: a série televisiva True Detective. Para isso, convocamos diversos outros textos, com destaque para as séries de TV,mas revisitando também produções literárias e cinematográficas. A partir de um mapeamento que se desdobra no decorrer de toda a dissertação, inserimos e destacamos True Detective na história da ficção criminal, observando continuidades e rupturas que evidenciam uma crise do saber moderno. Ao problematizar o modelo positivista, o rastro previsto pelo paradigma indiciário insere a figura do sujeito nomodo de conhecer o mundo, fator que nos permite pensar a figura do detetive neste trabalho. Em True Detective, o investigador é um personagem problemático e falho, características que compõem inevitavelmente seu trabalho e sua visão de mundo. Sua dificuldade em lidar com os vestígios evidencia a impossibilidade de se chegar auma verdade única, num modo de contar histórias marcado por versões que se acumulam e se contradizem, convocando o próprio telespectador a propor a sua interpretação sobre as pistas deixadas na narrativa. Diante desse cenário, analisamos a ficção criminal e True Detective no modo como reconfiguram a visão moderna de se encarar o saber, que parece ruir na contemporaneidade.
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