Para uma leitura do espaço em João César Monteiro

Nos filmes de João César Monteiro, é estabelecida uma nítida oposição entre espaço urbano e não-urbano, ou, como propomos, entre um espaço repressivo e um espaço mítico. Analisando os seus filmes, e tendo em conta as várias dimensões que a noção de sagrado tem no universo do cineasta, mostraremos co...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Camacho Costa, Pedro (author)
Formato: article
Idioma:por
Publicado em: 2020
Assuntos:
Texto completo:https://doi.org/10.22475/rebeca.v8n2.597
País:Brasil
Oai:oai:rebeca.emnuvens.com.br:article/597
Descrição
Resumo:Nos filmes de João César Monteiro, é estabelecida uma nítida oposição entre espaço urbano e não-urbano, ou, como propomos, entre um espaço repressivo e um espaço mítico. Analisando os seus filmes, e tendo em conta as várias dimensões que a noção de sagrado tem no universo do cineasta, mostraremos como se realiza essa oposição e qual o seu peso para uma leitura de conjunto da obra. O texto divide-se em cinco partes: 1) uma breve introdução ao tema; 2) uma exposição sobre o que entendemos por espaço mítico, recorrendo ao conceito de mito em Mircea Eliade; 3) um esclarecimento sobre o espaço repressivo, tendo em conta a noção de transgressão em Georges Bataille e de impuro em Roger Caillois, bem como a ideia de dispositivo de poder em Michel Foucault; 4) uma secção mais longa em que discorremos sobre a noção de criação-resistência, e em que mostramos que Monteiro faz do seu alter-ego, João de Deus, o criador absoluto do universo-cinema, resistindo a mecanismos repressivos, como o panóptico; 5) breves considerações finais em que nos interrogamos sobre a possibilidade de regressar ao espaço do mito.