Resumo: | A literatura empírica, tanto nacional quanto internacional, sobre o tema Economia da Cultura é recente e pouco consolidada. Quando a análise se restringe à indústria criativa e, de forma particular, à indústria do audiovisual brasileira, tema desta tese, não existe nenhum trabalho que avalia o segmento em suas diversas facetas, seja quanto a sua forma de organização, à composição do mercado de trabalho ou ao comportamento da oferta de equipamentos e da demanda por bens audiovisuais. Os estudos existentes limitam-se a discutir a origem do termo indústria criativa e sua relação com a indústria cultural, restringindo-se à exposição cronológica dos fatos. Esta tese tem como principal objetivo analisar a forma de organização da indústria do audiovisual no Brasil, considerando as mudanças ocasionadas pela nova era digital e pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC), a partir de uma abordagem empírica. Com apoio nos dados de acesso restrito obtido do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), busca-se avaliar as possíveis variáveis que explicam a receita líquida de vendas das firmas que compõem a Pesquisa Industrial Anual e a Pesquisa Anual de Serviços. Julga-se que esta é uma forma indireta de identificar uma possível concentração de mercado das firmas de audiovisual, que, por sua vez, afeta o comportamento do setor como um todo. Promove-se aqui um estudo com os dados das pesquisas citadas ao longo de um período de dez anos. O exercício empírico é realizado com base em um modelo de dados em painel. Organizou-se um painel para as firmas fornecedoras de insumos para a indústria, integrantes da PIA e das prestadoras de serviços, que compõem a PAS. A principal contribuição deste trabalho consiste em detectar uma possível concentração das firmas de audiovisual em determinadas regiões do Brasil e apontar os fatores que conduzem a este fato. Os resultados mostram que, mesmo tendendo a redução, a concentração regional ainda permanece na região Sudeste do Brasil, com maior predomínio nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro; que as classes criativas permanecem concentradas nos estados mais desenvolvidos economicamente e que possuem amenidades que atraem trabalhadores para a indústria do audiovisual; e que variáveis como participação de mercado e salário pago aos trabalhadores do audiovisual exercem um papel chave para explicar a receita líquida de vendas. Este resultado conduz à conclusão de que as práticas de mark-up são comuns nesta indústria e que tanto os consumidores quanto as franjas desta estrutura oligopolizada arcam com as imperfeições do mercado. Nesse sentido, acredita-se que os incentivos tanto para a fonografia quanto para a cinematografia são imprescindíveis para o desenvolvimento do setor e a ampliação do acesso aos bens e serviços de audiovisual.
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