O som que vem das ruas: cultura hip-hop e música rap no Duelo de MC´s

O presente trabalho procura evidenciar a relação entre música e cultura urbana, a fim de demonstrar a influência de costumes e contextos sociais na produção poética e sonora da música rap. Para isso percorremos o trajeto histórico da cultura hip-hop, começando pelas festas de rua de Kingston e Nova...

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Detalhes bibliográficos
Autor principal: Gustavo Souza Marques (author)
Formato: masterThesis
Idioma:por
Publicado em: 2019
Assuntos:
Texto completo:http://hdl.handle.net/1843/AAGS-9EAGPX
País:Brasil
Oai:oai:repositorio.ufmg.br:1843/AAGS-9EAGPX
Descrição
Resumo:O presente trabalho procura evidenciar a relação entre música e cultura urbana, a fim de demonstrar a influência de costumes e contextos sociais na produção poética e sonora da música rap. Para isso percorremos o trajeto histórico da cultura hip-hop, começando pelas festas de rua de Kingston e Nova Iorque até chegar a Belo Horizonte, onde acontece o Duelo de MCs, evento realizado semanalmente no anfiteatro do Viaduto Santa Tereza, de agosto de 2007 até maio de 2013. A rua, para a cultura hip-hop, é uma instituição, lugar de vivências, aprendizados e descobertas. É o espaço onde acontecem as disputas de dança e MCing, conhecidas como batalhas de break e freestyle, respectivamente. O freestyle (estilo livre) é o desenvolvimento de rimas improvisadas, criadas espontaneamente pelo MC ou rapper. O Duelo de MCs tem como cerne este tipo de batalha, que acontece em diferentes modelos, sendo o mais recorrente o embate de versos ofensivos. O vencedor é determinado de acordo com o voto da plateia por meio de gritos, palmas e levantar de mãos. Junto às rimas são tocadas pelo DJ as bases ou instrumentais de rap, que acompanham a improvisação do MC. A sonoridade dessas bases também revela muito sobre a história, a cultura e o código social dos rappers e hip-hoppers. Manipuladas em estúdio com justaposição de temas musicais e distorções de altura e de timbre, estas bases procuram reproduzir a sujeira e o ruído das ruas, enfatizando as letras de denúncia social ou mesmo de desabafo pessoal dos MCs e rappers. Junto a isso há ainda um repertório imagético de vestimentas e videoclipes que procuram reforçar essa lógica. Partindo da música e da cultura hip-hop, este estudo resvala também em diferentes temáticas que se desdobram sobre este universo, a saber: identidade, meio urbano, código social, violência e representação. Todas elas pertencentes ao ethos do hip-hop. Foram feitas entrevistas presenciais de caráter semiaberto com a Família de Rua, coletivo organizador do Duelo, e com Douglas Din, MC de destaque no evento, a fim de obter o ponto de vista dos personagens centrais deste estudo.